A menos de seis semanas de arrancar a COP30, marcada para Belém, Brasil, a escassez de alojamento e os preços exorbitantes nos hotéis estão a comprometer a presença de várias delegações. De acordo com a agência ‘Reuters’, alguns países ponderam reduzir o número de representantes ou até prescindir de comparecer presencialmente.
Crise de alojamento: estatísticas alarmantes
Belém, uma cidade com cerca de 18 mil camas hoteleiras regulares, prepara-se para receber perto de 45 mil delegados — uma procura que excede largamente a oferta existente. A agência noticiosa relata que as tarifas nos portais de reserva variam de 360 e 4.400 dólares por noite, com preços mínimos recentes na ordem dos 150 dólares.
Diante deste cenário, estados insulares vulneráveis e países da Europa Oriental, como a Letónia e a Lituânia, já manifestaram estar a ponderar não comparecer. O ministro do clima da Letónia afirmou que “já basicamente decidimos que é demasiado caro para nós”, acrescentando que têm uma responsabilidade para com o orçamento nacional.
Estratégias de mitigação e limitações
Para tentar contornar a crise, os organizadores da COP30 estão a converter navios de cruzeiro, igrejas e até motéis em alojamentos temporários. O Brasil comprometeu-se a disponibilizar 15 quartos por delegação a preços mais baixos: por baixo de 220 US$ para países em desenvolvimento e até 600 US$ para nações mais ricas. A Reuters também informa que a ONU aumentou subsídios para apoiar países de menores recursos.
Mesmo assim, 81 países não têm ainda o alojamento garantido, enquanto 87 já fizeram reservas, segundo dados da presidência da COP30.
Consequências para a equidade negocional
Esta conjuntura ameaça especialmente os países mais vulneráveis. Para ilhas em risco face à subida do nível do mar, a redução da delegação pode implicar menos capacidade técnica e diplomática em negociações vitais. A agência salienta que a ausência ou subrepresentação desses estados diminui sua voz em debates sobre adaptação climática e financiamento.
Se persistirem os impedimentos logísticos, é provável que a legitimidade e a eficácia da COP30 fiquem em causa — não apenas como evento diplomático, mas como fórum que se pretende inclusivo e representativo globalmente.














